Adeus a Lelé, o arquiteto que Lúcio Costa queria ser

Sex, 23 de Maio de 2014 15:09



É com pesar que o IAB comunica a morte de um dos principais arquitetos do país, João Filgueiras Lima, o Lelé (1932-2014). O falecimento se deu no início da tarde desta quarta-feira, 21 de maio, em Salvador. O velório será realizado, nesta quinta-feira, dia 22 de maio, na Igreja Ascensão do Senhor, às 7h, no Centro Administrativo da Bahia. E de lá segue para o Congresso em Brasília onde, a partir das 19h, será velado no Salão Nobre da Câmara dos Deputados, até às 6h da manhã de sexta-feira, 23 de maio. O enterro será realizado na Capela nº 01, do Cemitério Campo da Esperança, na ala dos Pioneiros. O sepultamento ocorrerá às 10h, na sexta-feira. Lelé foi um dos precursores do modernismo brasileiro e modificou totalmente a paisagem arquitetônica de Salvador ao criar passarelas metálicas para pedestres e assim, a cidade se transformou em referência para várias Metrópoles.

João Filgueiras Lima foi um arquiteto muito curioso, que sempre buscou as novas tecnologias para as suas obras. No período de construção de Brasília, o arquiteto recém-formado se mudou para a futura capital. Lá ajudou, junto com Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, a projetar e construir o novo centro político brasileiro. Desta fase em Brasília, ele trouxe o interesse na racionalização no uso de concreto armado. Lelé também esteve no leste europeu, onde incorporou várias influências daquela região em seus projetos no Brasil.

Lelé foi admirado por muitos. Alguns até se tornaram fãs. Lúcio Costa dizia: “O Lelé é o arquiteto que eu gostaria de ter sido”. O arquiteto carioca, radicado na Bahia há 30 anos, despertava bons sentimentos em todos que conhecia: “Um arquiteto que viveu para melhorar a vida das pessoas. Ele arquitetou durante toda a sua vida, fosse em áreas urbanas, em áreas pobres. Uma pessoa muito simples. A generosidade marcava a sua arquitetura”, relembrou o presidente do IAB, Sérgio Magalhães.

Apesar de nunca ter se imaginado professor, a convite de Oscar Niemeyer, ele lecionou na Universidade de Brasília (UnB) no período de 1962 a 1965, quando pediu demissão junto com 209 professores e servidores em resposta à repressão na universidade. Sua excelência como mestre foi reconhecida em 2003, quando recebeu o título de professor Honoris Causa, da Universidade Federal da Bahia.

Lelé teve seu talento reconhecido por meio de diversas premiações, tendo recebido diversos prêmios pelo conjunto da obra. Entre eles, o Prêmio Estácio de Sá, concedido pelo Governo do RJ; o Prêmio Oscar Niemeyer, do Distrito Federal; o Colar de Ouro, do IAB; o Gran Prêmio Latino Americano, concedido na IX Bienal Internacional de Buenos Aires e, também, a Medalha de Ouro na Federação Pan-americana de Associações de Arquitetos. Daqui a duas semanas, ele será homenageado na Bienal de Veneza, uma das mais tradicionais do mundo.

Crédito da Imagem: Wikimedia Commons

Fonte: http://www.iab.org.br/noticias/adeus-lele-o-arquiteto-que-lucio-costa-queria-ser
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