O IAB-RJ discutiu, em reunião com a Comissão da Verdade realizada nesta quarta-feira, a possibilidade de coordenar um concurso de projeto para a restauração do antigo prédio do Dops, na esquina das ruas da Relação e dos Inválidos, na Lapa, no Rio de Janeiro. Ainda no encontro, foi apresentada pela Comissão a proposta de transformar o local em Memorial da Resistência. Parciparam da reunião o presidente do IAB-RJ, Pedro da Luz, o assessor da Comissão da Verdade do Rio, Pedro Bonfim e o arquiteto que faz parte do Grupo de Trabalho sobre o Departamento de Ordem Política e Social (GT-DOPS), Felipe Nin.

​O prédio do DOPS, localizado na esquina da Rua da Relação com a Rua dos Inválidos, no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro, foi construído em 1910, em estilo eclético. Inicialmente, foi sede da Repartição Central da Polícia. Atualmente, o local se encontra sob a administração da Polícia Civil e é tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

A equipe da Comissão da Verdade do Rio encontrou o prédio deteriorado e constatou a perda de documentos históricos, que datam de 1948 a 2008. De acordo com o presidente do IAB-RJ, a preservação desses documentos e do prédio do DOPS é uma reivindicação que importa aos arquitetos: “Esta luta interessa à categoria dos arquitetos e quase faz parte do DNA do IAB, que, com quase cem anos de existência, sempre lutou pela liberdade”, explica.

Em São Paulo, o Departamento Estadual de Ordem e Resistência (DEOPS) também foi transformado em Memorial da Resistência e hoje é o 3º museu mais visitado de São Paulo. “A justiça de transição serve não apenas para plantar a justiça, mas também a memória”, afirma o assessor da Comissão da Verdade, Pedro Bonfim, que defende a exposição dos fatos como forma de “aprender para não repetir” o capítulo da ditadura no Brasil.

O arquiteto do GT sobre o DOPS, Felipe Nin, acredita que o concurso de projetos é uma forma de democratizar o uso do local: “O momento do projeto é também o momento de abrir a discussão”, diz. E completa que, com o Memorial da Resistência, o Rio de Janeiro ganhará não só um novo museu, mas “um marco no Rio pela luta dos Direitos Humanos”.