Farmácia Oswaldo Cruz é tombada integralmente

Qua, 11 de Janeiro de 2012 12:00



Além do tombamento da farmácia, a repercussão do caso na mídia gerou uma série de discussões na população acerca da preservação da memória histórica de Fortaleza.

O parecer do tombamento da Farmácia Oswaldo Cruz foi aprovado na manhã desta terça feira (10) numa reunião aberta do Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico-Cultural (Comphic). O encontro aconteceu na sede da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor). Na ocasião, compareceram historiadores, advogados e representantes de entidades, Prefeitura, universidades entre outros. Além de tombar o edifício em que funciona a drogaria, o Conselho votou em proteger também a galeria e os bens integrados ao estabelecimento.


Foto: Agência Diário

Há alguns meses, a mais antiga botica de Fortaleza, a Drogaria e Farmácia Oswaldo Cruz, estava prestes a fechar as portas. O motivo seria um aumento no aluguel cobrado pela dona do prédio onde funciona a farmácia há 77 anos. Como não houve acordo entre o novo valor do aluguel pelo inquilino, a proprietária deu entrada em um pedido de despejo ao locatário.



Reunião na Secultfor (Foto: Amanda Alboino)


Temendo a perda de mais um prédio histórico da capital, o historiador e jornalista Miguel Ângelo de Azevedo, o Nirez, conhecido por seu vasto acervo fotográfico da Fortaleza antiga, entrou com uma solicitação de tombamento do prédio em agosto de 2011. “Eu já estava apreensivo com a continuação [da Oswaldo Cruz] e um dia fui procurado por uma turma de amigos da farmácia, que já traziam advogados. Eles me ajudaram a fazer a redação do pedido”

O Presidente da Associação Nacional de História (Anpuh), Alênio Noronha Alencar, e o atual Diretor de Política Urbana do Instituto de Arquitetos do Brasil - Departamento do Ceará (IAB-CE), Augusto César Paiva, redigiram o parecer apresentado ontem na reunião da Comphic. “A Farmácia Oswaldo Cruz não é simplesmente a arquitetura, é a memória, é a cultura, a técnica construtiva, o momento social. Ela tem todo um contexto peculiar” afirma Augusto César.


Augusto César, Diretor de Políticas Urbanas do IAB-CE

Entre as recomendações propostas no documento, está a criação de uma área de entorno que protegerá os arredores da farmácia a fim de protegê-la de obras que venham a alterar a estrutura original da calçada ou mesmo danificar a entrada do estabelecimento.

O Instituto de Arquitetos tem assentos nos conselhos municipal e estadual que dizem respeito à preservação do patrimônio histórico. Augusto César enfatiza ainda que o IAB-CE “tem se feito presente em todas as reuniões, às vezes diretamente como no caso do parecer, mas principalmente nos debates em relação à preservação”.

Quanto à decisão do Conselho, Augusto mostra-se satisfeito, pois, segundo ele, a vitória foi dupla: além do tombamento da farmácia, a repercussão do caso na mídia gerou uma série de discussões na população acerca da preservação da memória histórica de Fortaleza.
 

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