A saga de 400 estudantes que foram a Havana a bordo de um navio russo

Qua, 12 de Fevereiro de 2014 09:40



Ao lado de familiares, de amigos e de alguns companheiros de viagem, Cesar Dorfman lançou, na noite desta segunda-feira, 10 de fevereiro, o livro “Havana 63”. O evento, com direito a bate-papo com o autor, foi realizado na sede do IAB-RJ, Casa do Arquiteto Oscar Niemeyer. O arquiteto gaúcho recordou passagens da “maluquice” que foi a participação do VII Congresso da União Internacional de Arquitetos, em Havana, em 1963.

A viagem de treze dias de ida e treze dias de volta foi, segundo Dorfman, uma das coisas mais importantes que aconteceu em sua vida e na de outros estudantes que embarcaram, em Santos, no navio russo com destino a Havana, em Cuba. 

“Ao longo desses 50 anos, contamos com prazer, inúmeras vezes, a história da viagem a Havana. O livro não foi feito para ser um marco em relação à luta contra a ditadura. Ele foi escrito para resgatar uma história importante, vivenciada em um momento muito significativo”, afirmou Cesar Dorfman.

Havana 63 é um livro de pesquisa, de reencontros e, sobretudo, de memória. As histórias que o autor narra são fatos de que se recorda, escritos da maneira que, como julga, deveriam ser escritos. O desafio de escrever o livro não foi fácil. Para isso ele contou com apoio de vários colegas, entre eles de Daisy Clarck.

“Quando pensei em escrever o livro, conhecia poucos arquitetos que participaram do Congresso da UIA. Comecei a fazer um trabalho de pesquisa. A colega Daisy Clark foi uma das pessoas que me ajudaram. Ela me deu uma lista com alguns nomes de estudantes que participaram do Congresso. Depois, fui a Montevidéu. Recolhi alguns textos que pessoas me mandaram, além das importantes trocas de e-mails com arquitetos que foram ao encontro em Cuba”, afirmou ele.

Daisy Clark ainda mantém viva a lembrança de 63, e revelou que guarda mais na memória a viagem no navio do que o tempo em que esteve em Havana. “Ficamos muito tempo no navio. Ao todo, foram mais de 20 dias à bordo e 10 dias em Havana. De Havana, o que mais me lembro é o discurso de Fidel Castro. A praça estava cheia de gente e ele falou por mais de duas horas. Era um show man”, recordou Daisy.

Para o arquiteto João Nascimento, que é marido de Daisy Clark e também foi ao congresso em Havana, o evento mais marcante foi o encontro com outro líder da Revolução Cubana:

 “Após o emocionante discurso de Fidel, Che Guevara discursou para um grupo pequeno de arquitetos. Foi um discurso menor, mas aquele fato ficou na minha memória”, disse Nascimento.

Apesar das lembranças saudosas, a viagem a Cuba trouxe consequências não tão boas e, para muitos, tristes de serem lembradas. “Após a viagem, o colega Ricardo Varze teve que se exilar. Em Montevidéu, num encontro no apartamento de uma colega, que também foi a Havana, ela me perguntou se tinha sofrido algo. Respondi que fiquei um mês preso. Ela me confessou que ficou quatro anos presa”, relatou Dorfman.

No lançamento do livro Havana 63, o atual presidente do IAB-RJ, Pedro da Luz Moreira, lembrou que um dos objetivos da nova gestão do instituto é tornar a sede um ponto de encontro entre os arquitetos e parabenizou a iniciativa de Cesar Dorfman e da vice-presidente de relações socioculturais, Cêça Guimaraes:

 “Vamos dar sequência a eventos desse tipo. Há uma série de pessoas, como Dorfman, com uma vivência profissional interessante de ser compartilhada e registrada aqui no IAB”, afirmou Pedro da Luz.

Fonte: http://www.iab.org.br/noticias/saga-de-400-estudantes-que-foram-havana-bordo-de-um-navio-russo
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