Empresa responsável pelo empreendimento prevê o desenvolvimento de dez projetos do tipo nos próximos três anos
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170 hectares, quatro mil lotes e capacidade para 16 mil moradores. A construção da segunda cidade inteligente social da multinacional Planet começou em março deste ano na região metropolitana de Natal, no Rio Grande do Norte, em uma área pertencente à cidade de São Gonçalo do Amarante – por coincidência, mesmo nome do município cearense que abriga a primeira smart city do grupo, batizada de Laguna.
As vendas de propriedades na cidade, que recebeu o nome de Natal, serão abertas no final de maio e as primeiras casas ficarão prontas neste primeiro semestre, com previsão de chegada de alguns moradores ainda em 2019.
Assim como o projeto pioneiro, a nova cidade foi inteiramente planejada desde o primeiro pilar. O raciocínio por trás da construção dessas cidades é o seguinte: se os espaços urbanos que existem atualmente não atendem a um ideal de sustentabilidade cada vez mais necessário e não comportam requisitos de inovação e inteligência compatíveis com o futuro tecnológico que se previa anos atrás, por que não criar uma nova?
De acordo com a co-fundadora e CEO da Planet do Brasil, Susanna Marchionni, a segunda cidade inteligente será menor do que Laguna – que terá 330 hectares e capacidade de 25 mil pessoas. “Os conceitos fundamentais são iguais: os mesmos parâmetros de urbanismo, arquitetura, infraestrutura de alto padrão, serviços e tecnologia, mas o projeto é customizado. Chegamos com nosso hub de inovação e criamos imediatamente a biblioteca, o cinema gratuito, cursos de inglês e tecnologia, para envolver a região toda”, explica.
Consideradas as primeiras cidades inteligentes sociais, as smart cities da Planet são vendidas com esse mote por conta dos preços, bem mais baixos que os praticados internacionalmente. Segundo a empresa, o metro quadrado em um terreno em cidades com a mesma proposta na Europa pode chegar a 10 mil euros, enquanto na smart city de Natal a mesma área é comercializada a partir de R$ 195 e, em Laguna, a partir de R$ 240.
Como um dispositivo eletrônico, a cidade inteligente da Planet tem um centro de controle de boa parte das suas funcionalidades que, nesse caso, é um aplicativo para smartphone. É ali que se concentra o hub de interação entre os moradores e o acesso a informações sobre o que acontece no local, bem como a questões tecnológicas e de serviço.
Cria-se, com o app, um banco de dados com calendário de festas e eventos, horários de funcionamento da biblioteca, programação do cinema. Além disso, temos um botão de SOS. Se acontecer alguma coisa com o morador, ele pode apertar o botão vermelho e automaticamente o app geolocaliza a pessoa e passa uma mensagem para cinco números de telefone cadastrados. É um contato de emergência."
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O aplicativo possibilita ainda a formação de grupos de moradores para trabalhar com economia compartilhada e funciona como uma central de trocas de produtos e serviços, além do gerenciamento de consumo de energia elétrica e água, com recursos gratuitos e pagos. “No final, isso reduz os custos de quando se mora em uma cidade e também aumenta a segurança. Como há câmeras nas ruas e nas casas, é possível monitorar a região e ver a cidade o tempo todo, além de acompanhar a evolução da construção”.
Empreendimentos futuros
De olho no Brasil como um mercado amplo para a implantação de cidades inteligentes sociais, a Planet tem como objetivo iniciar a construção de mais duas delas ainda em 2019. Serão, segundo a co-fundadora da empresa, 10 smart cities até 2022.
O que levou à escolha do país como foco das atividades da empresa italiana sediada em Londres foi não apenas as proximidades culturais entre Itália e Brasil, mas também a amplitude territorial. Segundo ela, embora se possa aplicar algumas soluções inteligentes em cidades já muito povoadas, construir uma área urbana desde o começo permite aprimorá-las.
“Em países como o Brasil e Índia, com um grande déficit habitacional, é possível trabalhar do zero porque temos uma possibilidade de fazer um bairro minimizando os erros”, diz, complementando: “Lugares onde já tem muitas pessoas morando, como cidades da Europa ou São Paulo, você pode trabalhar trazendo soluções inteligentes, mas menos em termos de urbanismo porque não é possível ampliar uma rua, por exemplo. Mas tudo o que é tecnologia, inclusão social, pessoas, aquecimento, isso dá para fazer. Em Milão e Roma fizemos dois bairros desse tipo”, conta.
*Especial para HAUS
FONTE: Gazeta do Povo