O antigo prédio do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), na Rua da Relação, no Centro do Rio, pode vir a abrigar um centro de memória das torturas praticadas durante a ditadura militar e o Estado Novo. O assunto foi tema da audiência pública que aconteceu na terça-feira, 19 de agosto, na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). A convite da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, o IAB-RJ participou da sessão pública e apoiou a constituição desse novo espaço.

Para o presidente do IAB-RJ, Pedro da Luz Moreira, é importante a presença de um museu que retrate o passado de dor e desespero vivenciado pelo país, nos períodos de 1937 a 1945 e de 1964 a 1985, numa cidade como o Rio de Janeiro. O arquiteto ainda explicou que o único museu brasileiro que se dedica a história da ditadura brasileira, em São Paulo, é o sexto museu mais visitado da capital paulista.

 “Contar essa parte da nossa história é fazer um projeto de futuro. Pode ser ainda uma garantia de que as práticas do passado não se repitam, e que tenhamos uma polícia com práticas mais republicanas”, afirmou Pedro da Luz.

A constituição de um centro de memória das torturas praticadas durante a ditadura ainda não está definida. Um impasse entre a Comissão da Verdade, a favor do centro de memória, e a Polícia Civil, que pretende fazer um museu para a corporação no antigo prédio do Dops, trava os projetos de intervenção na edificação.

“O prédio do Dops é público e tem de atender ao interesse público. Não há sentido num cabo de guerra com a Polícia Civil, que tem todo o direito de ter o seu espaço de memória, mas aquele ali tem outra referência histórica mais forte para a defesa dos direitos humanos. Espero que esse diálogo se aprofunde ainda mais”, disse o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj.