A construção de um espaço para atividades culturais, implantação de bondes elétricos e bicicletários ao longo da avenida são algumas das novidades propostas


Arquitetos Fausto Nilo (esq) e Ricardo Muratori
 
A quarta edição do Arquitetura e Urbanismo em Debate, realizada ontem, 25, no auditório do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea-CE), discutiu o projeto de reordenamento da Beira Mar. O projeto, vencedor de um concurso de ideias promovido em 2009 pelo IAB-CE em parceria com a Prefeitura Municipal de Fortaleza, tem como objetivos encontrar soluções para problemas cotidianos da orla, como trânsito, estacionamentos, ciclovias e iluminação. Os arquitetos Fausto Nilo e Ricardo Muratori, integrantes da equipe vencedora, expuseram o tema.
 
A construção de um espaço para atividades culturais, implantação de bondes elétricos e bicicletários ao longo da avenida são algumas das novidades propostas. Fausto diz que espera que o projeto possa reverter os principais problemas enfrentados atualmente pela avenida e trazer para os frequentadores mais opções de lazer e cultura.
 
A conhecida Feirinha da Beira Mar foi um dos grandes desafios para os arquitetos, pois, segundo eles, era preciso criar um ambiente funcional que pudesse ser utilizado pelas pessoas durante a manhã, já que a feira só funciona no período noturno. “O que é a feirinha hoje? É uma feira precária nas suas instalações, com problemas de energia.” O projeto propõe a construção de um subsolo onde ficariam guardadas as mercadorias dos feirantes. Para tanto, deverão ser usadas contêineres de aço. O diferencial é que tais contêineres se transformam no próprio espaço para a venda da mercadoria. Muratori destacou que, ainda nessa área, o projeto propõe uma valorização da escultura do artista plástico cearense Sérvulo Esmeraldo. Ele apresentou imagens que mostram que será feito um espelho d’água envolta da obra. 
 
Fausto também teceu críticas aos veículos que fazem uso da avenida Beira Mar como hall de passagem para manobrar o trânsito da cidade, mas explica: “Quando o automóvel foi chegando em grandes quantidades na maioria das cidades do mundo, principalmente a partir dos anos 1930, foi natural que os automóveis descessem para a orla e transformassem-na em tráfego de passagem e até via expressa por que era um lugar com menos andamento (trânsito).” Ele afirma que essa tendência “vitimou” cerca de 90% das orlas mundiais.
A solução apresentada pelos profissionais para esses problemas é estimular o transporte alternativo, como as bicicletas, e instalar um bonde elétrico que transitaria por toda a extensão da Beira Mar. O objetivo é evitar que os visitantes utilizem seus carros para se deslocar de um ponto a outro da avenida, aplicando o princípio do “tráfego calmo” a fim de reduzir consideravelmente o fluxo e a velocidade dos automóveis e dar prioridade aos pedestres. A idéia do bonde elétrico, no entanto, não faz parte do orçamento inicial do projeto de reordenamento.
 
O projeto da equipe vencedora também prevê a padronização dos estabelecimentos comerciais que ocupam a Beira Mar. Segundo a coordenadora de desenvolvimento institucional do Prodetur Fortaleza, Danielle Melo, será feita uma readequação drástica das atividades comerciais que são desenvolvidas na orla. A solução trazida pelos arquitetos é criar quiosques padronizados que formarão praças de alimentação, mantendo assim o que Fausto Nilo chama de programa “comida-bebida na praia.” Além de organizar melhor o espaço, essa padronização, conforme o arquiteto, possibilitará uma melhor visão do mar e da praia – atualmente comprometido pelos tipos de construções existentes ao longo da orla.
De acordo com Danielle, o projeto de reordenamento da Beira Mar deve ter início já no início do próximo semestre, a partir do mercado dos peixes. A obra completa, conforme ela, está orçada em R$ 101 milhões.