Em uma hora e meia foram 390 artigos resumidos. A palestra do relator do Plano Diretor Estratégico da cidade de São Paulo, Nabil Bonduki, foi uma verdadeira aula de planejamento urbano. Quem foi ao debate passou a acreditar que é possível desestimular o uso de automóveis em grandes cidades, conter oadensamento das cidades e estimular a economia egeração de empregos em áreas periféricas. Baseado em uma lista de grandes desafios da cidade de São Paulo para o século XXI, o Plano abrange problemas de espaço urbano, transporte e inclui questões do meio ambiente.
Entre os desafios apontados por Nabil Bonduki está diminuir a desigualdade socioterritorial; conter o processo de expansão horizontal; reduzir a necessidade de deslocamento; produzir habitação social e mercado popular em áreas bem localizadas; reestruturar a mobilidade urbana; incentivar oadensamento construtivo e populacional, de forma planejada e sustentável; gerar oportunidades de trabalho nas áreas periféricas; regularizar, urbanizar e qualificar loteamentos irregulares e favelas; e proteger áreas verdes.
A Diretora Cultural do IAB, Cêça Guimaraens, acredita que um dos pontos mais importantes do Plano Diretor Estratégico de São Paulo é a maneira de tratar a relação centro-periferia de forma consciente: “A referência direta dos lugares é o ponto mais forte do Plano. Desta forma, fica esclarecida a intenção, facilita a compreensão das ideias, não é um Plano Diretor abstrato”, analisa. Já o Diretor Regional para América Latina e Caribe da ONU-Hábitat, Elkin Velasquez, acredita em uma revolução a partir deste Plano Diretor: “O Plano Diretor Estratégico de São Paulo tem uma dimensão mundial. Criou um novo paradigma de cidade sustentável”, ressalta.
Para o pró-reitor da UFRJ, Pablo Benetti, a palestra foi uma forma de incentivar o carioca a pensar na cidade: “Apresentar o Plano Diretor de São Paulo é estimular os cariocas a pensar como podem melhorar a cidade, a pessoa já sai daqui consciente que é preciso melhorar em muitos pontos a organização da cidade”, destaca. O vice-presidente do IAB-RJ, Marat Troina, comparou as cidades do Rio e de São Paulo: “A característica que gostaria de destacar no Plano apresentado hoje é que ele valorizou as características da cidade de São Paulo, diferentemente do Plano Diretor do Rio, que não condiz com as necessidades da cidade, é genérico. Precisamos de um plano que caracterize o Rio de Janeiro”, finalizou.