As cinco vias que serão alvo das obras da Copa do Mundo trazem, hoje, grande dor de cabeça e transtornos às pessoas


Ivna Girão


A Avenida Germano Franklin é considerada um verdadeiro nó (FOTO: FABIANE DE PAULA)

Avenida Dedé Brasil com Germano Frank, perto do Terminal de da Parangaba. Um ponto muito crítico, um nó para motoristas e pedestres que, diariamente, têm de enfrentar os constantes congestionamentos no local. A boa nova é que o “engodo” poderá, sim, acabar. Esse é um dos cruzamentos que passará por mudanças, ganhará túnel, na promessa de desafogar o fluxo de carros, motos, vans e ônibus.

O mototaxista Denisarde Antunes, 30, recebeu com entusiasmo as notícias das obras em Fortaleza, motivadas pela realização da Copa do Mundo de 2014. Tendo que atravessar a Dedé Brasil diariamente com sua moto, ele diz já ter perdido as contas de quantas horas teve de esperar para passar um único sinal e os riscos de atropelamento. Ele, hoje, sonha com uma nova cidade, sem tantos engarrafamentos, com tranquilidade e fluidez.

Drama

“Esse cruzamento aqui, faz muito tempo que precisa de um viaduto. Só a Copa para ajudar mesmo. Só espero que a obra não demore e que bons desvios sejam criados para não piorar ainda mais o atual caos”, afirma.

E a situação é crítica mesmo nos encontros da Dedé Brasil com a Germano Frank. Justo nesse ponto há vários potencializadores do problema: o vaivém de ônibus do Terminal, as obras do Metrô de Fortaleza, o encontro de quatro grandes vias engarrafadas e a futura construção de um shopping center na esquina.

As calçadas estreitas, os carros que teimam em fechar os cruzamentos e param em cima das faixas de pedestre, tudo é problema e chateação. Não demora para o motorista acionar a buzina do carro, achando no barulho uma solução. De longe se vê a cara feia dos que desejam chegar logo em casa.

Na Dedé Brasil haverá, segundo Geraldo Accioly, coordenador de Projetos Especiais da Prefeitura Municipal de Fortaleza, a implantação do complexo viário da Parangaba com a construção de viadutos e de um túnel no cruzamento com o metrô da linha sul, além de melhorias gerais na drenagem, malha viária e iluminação pública.

Expectativa

Além desse ponto, outros tão conhecidos da população e motivo de tantas reclamações podem sumir, virar vias rápidas e diretas. É o caso das avenidas Raul Barbosa e a atual Via Expressa que receberão melhorias e devem ter as obras iniciadas ainda neste mês após assinatura, hoje, das ordens de serviços da gestão.

A florista, Karla Abreu, 29, espera que todas essas intervenções sejam feitas com responsabilidade e se tornem importantes legados para as gerações futuras. “Quero que meus filhos, por exemplo, daqui a 20 anos, possam andar em uma cidade mais bem planejada, sem tantos arremedos e com mais ordem”, diz.

Logística

Para o presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil no Ceará (IAB-CE), Odilo Almeida, o mais importante, neste momento inicial, é tentar evitar os transtornos, pensar em ter uma boa logística técnica de todas as grandes obras. Deve-se, segundo ele, evitar lançar todas as ações ao mesmo tempo, estudar as alternativas de fluxo do trânsito e ter uma boa comunicação com a população usuário do local. A organização das intervenções poderia atenuar os danos.

“A gente tem que entender que uma cidade que tem a dinâmica como a nossa precisa, sim, deste tipo de ação para garantir o crescimento ordenado, o fluir dos veículos e o deslocamento adequado da população”, frisa.

Entretanto, Almeida atenta para um fato importante: a Capital não pode viver apenas de obras pontuais, deve ter ações fundamentadas para além dos eventos, conquistar dinâmica de planejamento a longo prazo.

“Essas obras vão trazer um grande legado, mas, quanto ao nível de prioridade, eu acho relativo. A Copa acaba sendo o mote para resolução de antigos problemas. Os corredores exclusivos são, para mim, a melhor das iniciativas existentes”, finaliza.