Artigo escrito pelo arquiteto e ex-presidente do IAB-CE, Joaquim Cartaxo, e publicado no jornal O Povo na edição do dia 24 de outubro de 2011
Fortaleza é uma cidade radioconcêntrica cujos eixos radiais principais são BR 222 e avenida Bezerra de Menezes; BR 116, avenida Aguanambi, avenida Dom Manuel; CE 060, avenida Osório de Paiva, avenida José Bastos, avenida João Pessoa e avenida da Universidade. Complementa essa estrutura urbana os corredores rua Guilherme Rocha e avenida Francisco Sá na direção o centro-noroeste e avenida Santos Dumont como principal vetor de expansão na direção leste da cidade.
Com base nessa rede viária, a cidade se expandiu a partir do centro antigo, produzindo extensos vazios urbanos entre os eixos radiais; descontinuidade da rede de vias perimetrais, ocasionada por barreiras físicas como a via férrea, também um eixo radial, rios e riachos. Daí, as dificuldades de ligações leste–oeste e entre esses eixos, obrigando a utilização destes obrigatoriamente e gerando intensa concentração de viagens nos mesmos.
Viagens realizadas por uma frota total em 2010 de 707.731 veículos, entre os quais 420.816 automóveis, 155.155 motocicletas, 5.500 ônibus e 2.807 micro-ônibus, segundo o Anuário de Transporte Público de Fortaleza/PMF/Etufor. Isto significa uma média de 76 carros para cada ônibus.
Esse Anuário aponta que, considerando automóveis e motos, o fator de motorização da cidade é de 4,2 habitantes por veículo, enquanto a frota operacional do serviço de transporte coletivo por ônibus transporta uma demanda diária média de 961.937 passageiros nos dias úteis.
Sublinhe-se os 59.322 veículos a mais até setembro de 2011 em relação à frota de 2010 em Fortaleza, apontando uma tendência negativa de diminuir aquele fator com o aumento rápido da quantidade de veículos comparado ao crescimento populacional.
Dificuldades de mobilidade em Fortaleza não serão superadas pelo senso comum que reclama por mais vias e viadutos que são apenas ações mitigadoras, mas por um pacto socioambiental de menos carros e mais ônibus. Eis uma oportunidade e um desafio para a cidade.
Fonte: O Povo