O número foi divulgado pelo Sindicato Nacional da Arquitetura e Engenharia (Sinaenco) durante o evento “De olho no futuro: como estará Fortaleza daqui a 25 anos”. Outras 11 capitais foram analisadas.
Até 2015, a capital cearense terá 128 mil carros a mais em circulação em suas vias. O dado foi divulgado ontem pelo Sindicato Nacional da Arquitetura e Engenharia (Sinaenco) durante o evento “De olho no futuro: como estará Fortaleza daqui a 25 anos”, que reuniu arquitetos, engenheiros e gestores municipais. A pesquisa toma 2012 como ano-base.
“Nas próximas décadas (o estudo faz projeções até 2040), haverá um incremento de 30 % na população de Fortaleza, enquanto o número de veículos vai triplicar. É preciso planejar e implementar de fato, um transporte público que seja tão bom que as pessoas deixem o carro em casa, ou mesmo deixem de comprar o carro”, disse o presidente do Sinaenco-CE, Arthur Oliveira Costa Sousa.
Para a titular da Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), Águeda Muniz, é necessário repensar Fortaleza a partir de um modelo que valorize o transporte público e uma melhor utilização do solo e dos espaços. “Quando a gente reduz a viagem, temos uma mobilidade maior”, disse. Além de impactar positivamente na mobilidade urbana, esse modelo teria o mérito de promover a revitalização dos espaços públicos.
Arthur Oliveira explica que é preciso pensar a longo prazo. “As soluções por viadutos, por exemplo, foram pensadas há 10, 15 anos, a partir de um plano elaborado para a cidade. Mas existem prazos para a implementação de planos. Se você não o faz a tempo, ele caduca”, frisa. O presidente do sindicato defende que importante analisar se tais planos ainda atendem as necessidades da população, se existem novas tecnologias, novos métodos construtivos e novas soluções disponíveis.
Já para o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará (Crea-CE), Victor Frota Pinto, o metrô é a melhor saída para os problemas de mobilidade urbana na Capital. “É o modal de transporte que tem a capacidade de transportar mais gente de uma só vez e no menor espaço de tempo. Os ônibus coletivos são necessários, mas devem ser utilizados como complementação ao metrô”, disse. Victor avalia que a principal causa das más condições de mobilidade é a lentidão na execução de projetos. “Se o Metrofor (Metrô de Fortaleza) tivesse sido inaugurado há dez anos, como estava previsto, nós não estaríamos nesta situação”, enfatiza.
Saiba mais
Até 2040
Se Fortaleza mantiver o ritmo atual das taxas de natalidade e de crescimento de sua frota de carros, em 2040, haverá 1,8 carro para cada habitante na Capital. Serão 4.012.711 habitantes e 2.202.665 carros circulando nas ruas da cidade.
Estudo feito pelo Sindicato Nacional da Arquitetura e Engenharia aponta o aumento no poder de compra da população, além das péssimas condições do transporte coletivo, como principais causas do aumento na frota de veículos.
Além de Fortaleza, foram analisadas outras 11 capitais: Brasília, Curitiba, Florianópolis, Goiânia, João Pessoa, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória.
O estudo foi organizado pelo doutorando em estatística pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Gustavo de Carvalho Lana. Ele adverte que o quadro mostrado pode se alterar com o tempo.