No fim do primeiro ano de gestão Roberto Cláudio, em dezembro de 2013, um pacote de ações prometia mudar o trânsito de Fortaleza no prazo de 12 meses. Um ano e oito meses depois, a cidade sente os efeitos do Programa de Ações Imediatas de Transporte e Trânsito (Paitt), como ampliação das faixas para ônibus, ciclofaixas e binários. Porém, o que seria imediato não seguiu o ritmo previsto e sofreu alterações de percurso.

 

Nenhum dos cinco eixos iniciais do Paitt foi completamente executado até agora. Um deles nem começou a sair do papel: a melhoria dos pontos críticos na avenida Osório de Paiva e em Messejana. Três foram realizadas parcialmente: o novo modelo de estacionamento no Centro, a reformulação de operação e fiscalização no Montese e a modelagem de binários na Aldeota. E o quinto, o redesenho das rotas de transporte público, foi iniciado e já passou por mudanças. Nesse intervalo, novas iniciativas passaram na frente na fila de prioridades e foram executadas antes.

 

Estacionamentos

As avenidas Santos Dumont e Dom Luís receberam faixas para ônibus e bicicletas, mas as calçadas seguem tomadas por vagas de estacionamentos e ainda aguardam a requalificação planejada.

 

 

 

O tira e bota de veículos em 45º não prejudica apenas quem quer caminhar. Reduz também o ritmo dos ônibus na faixa prioritária e causa acidentes. De acordo com a Prefeitura, se o financiamento, estimado em R$ 3 milhões for liberado, as ações de requalificação dos passeios e regularização dos estacionamentos ocorrerão em 2016.

 

“Em menos de um ano, já presenciei sete acidentes aqui em frente. O motorista do carro sai de ré, não vê o ônibus e bate”, conta Maurício Félix, gerente de loja na Santos Dumont.

 

Na Dom Luís, a esquina com a rua Professor Dias da Rocha é um dos exemplos de como o atraso de algumas ações atrapalha o andamento daquilo que já mudou. É recorrente a cena de carros saindo dos estacionamentos sobre as calçadas, que acabam obstruindo a passagem de veículos que tentam dobrar à direita. Os ônibus que trafegam na faixa prioritária também têm o caminho bloqueado. Assim como os pedestres que tentam atravessar. Tudo junto e parado.

 

“O que deveria facilitar faz é deixar mais confuso. Eu até escutei que iam melhorar as calçadas com os estacionamentos, mas até agora foi só transtorno”, diz a secretária Silvia Barbosa.

 

Saiba mais

Cerca de 80% 
das 500 vagas de estacionamento da Dom Luís e da Santos Dumont são irregulares, conforme a Prefeitura. Com a readequação, elas deixarão de existir.

A Lei de Uso e Ocupação do Solo estipula mínimo de três metros para as calçadas. Conforme o secretário da infraestrutura do Município, Samuel Dias, o projeto de requalificação prevê largura mínima de dois metros.

A destruição da Praça Portugal e construção de um cruzamento com espaços de lazer estão entre os planos da Prefeitura para o binário da Aldeota. Não há prazo para execução desta intervenção.

Outros projetos para o trânsito surgiram e passaram a ser prioridade

e ações inicialmente previstas no Programa de Ações Imediatas de Transporte e Trânsito (Paitt) não aconteceram como previsto, iniciativas que não estavam entre os eixos iniciais estão hoje em primeiro lugar na execução das ações. Caso da prioridade para ônibus e bicicletas.

 

“Tivemos alguns projetos que se revelaram, quase que de imediato, como sendo fundamentais, porque mudavam culturas, paradigmas e tinham um potencial de alavancar aquilo que é essencial: transportes público e modais não motorizados”, disse o secretário executivo da Secretaria da Conservação e Serviços Públicos, Luiz Alberto Sabóia. Em função disso, os esforços do Paitt foram redirecionados para o que se transformou prioritário.


Houve ainda mudanças nas ações previstas. A criação de vagas de Zona Azul no Centro vai esperar um estudo que definirá a necessidade de locais públicos para estacionar. Ainda não há data para conclusão da pesquisa.


O novo protocolo para atendimento de acidentes passou a integrar parceria com a fundação americana Bloomberg Philanthrophies, a ser apresentado em outubro. “Estamos pesquisando fatores como uso do capacete, cinto, alcoolemia, excesso de velocidade e uso do celular”, afirma Luiz.


O redesenho das rotas de ônibus e vans chegou a ocorrer, mas não impactou no maior problema: a superlotação das linhas. Agora, a ação também está no leque de estudos futuros.


Dados estão sendo analisados, em parceria com a Universidade do Arizona e a Unifor para detectar os motivos da lotação. “Vamos analisar um grande bancos de dados e procurar estabelecer correlações que a gente, a princípio, não consegue enxergar”, explica o engenheiro do Paitt, Ezequiel Dantas.

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Fonte: O Povo