Além da ciclofaixa da rua Ana Bilhar, a repórter-ciclista Mariana Freire encarou a da rua Canuto de Aguiar. Nas duas vias, realidades um pouco diferentes. Na Canuto, por exemplo, ciclistas trafegavam na contramão.

 


Quando criança, sempre evitei andar de bicicleta pelas ruas de Fortaleza por medo dos carros que passam raspando. Foi especialmente por isso que nunca levei à frente o desejo de ter uma rotina me deslocando sobre duas rodas. Saber que algumas ruas da cidade começaram a ter um espaço reservado unicamente para o ciclista fez a missão parecer mais segura. Na pele, a sensação é essa.

Pela primeira vez desde que as ciclofaixas das ruas Ana Bilhar e Canuto de Aguiar foram instaladas, passei de bicicleta pelo local. Com 1,8 metro de largura cada, foi bem mais fácil – especialmente lembrando que não me aventurava na modalidade há pelo menos quatro anos – do que imaginava. Em menos de uma hora, foi possível percorrer o percurso que, somado, é de cerca de 4 km.

À exceção dos carros que, vez por outra, invadem um pouco a demarcação ou dobram à direita sem acionar a seta, dos caminhões que insistem em estacionar sobre a ciclofaixa e dos próprios ciclistas que desrespeitam o sentido original da via, tudo correu tranquilamente. Os episódios de desrespeito não deixaram de acontecer, mas também não foram regra. O equipamento estimula a consciência de que é possível conviver nas ruas.

Asfalto bom e predominância de preferencial nos cruzamentos tornaram a ciclofaixa da Ana Bilhar mais fácil de percorrer. Já a da Canuto de Aguiar teve obstáculos maiores. No início da rua, por exemplo, foi preciso parar diversas vezes. Foi nela onde mais encontrei ciclistas na contramão, além de entulho na calçada invadindo a área de trânsito e vários pontos onde o asfalto estava retirado.

A cliclofaixa da Ana Bilhar, que tem início no cruzamento com a Coronel Manuel Jesuíno, se encerra na José Vilar, quando a rua já se chama Deputado Moreira da Rocha. O caminho contrário é praticamente o mesmo, se alongando apenas por mais dois quarteirões, até o cruzamento da Tavares Coutinho, continuação da Canuto de Aguiar, com a Via Expressa. Por mais que o equipamento facilite o trajeto, não é exatamente funcional para quem tem de percorrer mais que aqueles cerca de 20 quarteirões.

Foi complicado se deparar, de um lado e do outro, com duas movimentadas avenidas da Capital. Dali, para onde ir? O jeito é criar coragem e apurar a técnica para se misturar aos carros mesmo. De uma rua à outra, foi preciso passar por essas tais que não têm a reserva de espaço – e, numa delas, a inexperiência quase rendeu uma queda à repórter-ciclista. O desejo de quem sempre quis andar de bicicleta pela cidade é que o número dos equipamentos cresça e se espalhe por outros bairros, porque não é só na Aldeota que se usa o transporte. Seria bom que a cidade oferecesse estrutura adequada.

Fonte: http://www.opovo.com.br/app/opovo/cotidiano/2013/11/16/noticiasjornalcotidiano,3164159/o-desafio-de-pedalar-pelas-ciclofaixas-da-cidade.shtml