Medidas simples e de custo acessível podem oferecer ventilação e iluminação em habitações populares.
Promover qualidade de vida em habitações populares. Este é um dos grandes desafios, na atualidade, da arquitetura do Brasil, bem como de outros países da América Latina. A opinião é de Jorge Mario Jáuregui, defensor do “urbanismo social” e que, na tarde de ontem, expôs suas ideias no XX Congresso Brasileiro de Arquitetos (XX CBA), que prossegue até hoje no Centro de Eventos do Ceará.
Argentino, radicado no País há cerca de 30 anos, Jorge Jáuregui é um dos arquitetos responsáveis por melhorias em favelas cariocas, através da implementação do programa “Favela-Bairro”. Iniciado em 1994, o programa propõe a implantação de infraestrutura urbana, serviços, equipamentos públicos e políticas sociais nas comunidades do Rio de Janeiro.
Além de contribuir para o déficit habitacional, a arquitetura, lembra o palestrante, pode usar recursos que proporcionam melhores condições em moradias populares, tanto em seu interior como no entorno. Defendeu o aproveitamento dos espaços públicos, implantação de infraestrutura (rede de esgoto, de drenagem e contenções), traçado viário, tratamento de lixo e urbanização das favelas.
Intervenções de pequeno e médio porte podem mudar de forma significativa essas habitações no que se refere à iluminação e ventilação. Além da substituição de esquadrias, conforme cada caso, o arquiteto sugeriu nessas residências o isolamento térmico e acústico, criação de tetos verdes e produtivos, assim como fachadas verdes. “Com a colocação de grampos nas paredes, é possível o cultivo de trepadeiras como maracujá e uvas”, disse, lembrando que o recurso ajuda, ainda, na climatização.
Interação
Interação e troca de experiência entre arquitetos, estudantes, organizações e lideranças da sociedade foram pontos positivos do evento ressaltados pelo presidente da Comissão Organizadora do XX CBA, Odilo Almeida. Enfatizou, ainda, a oportunidade que oferece ao debate acerca da formulação de estratégias políticas e institucionais para a arquitetura brasileira.
Também a arquiteta cearense Ana Carolina Cordeiro Uchoa ressaltou a importância do debate sobre o papel da arquitetura no País. Observou os riscos decorrentes da medida governamental relativa às licitações, que dispensa a elaboração de projetos executivos em obras públicas, incluindo os projetos arquitetônicos. “Como é possível fazer orçamentos sem esses projetos?”, interrogou, frisando que apenas estudos preliminares não possibilitam cálculos corretos dos custos de uma obra.
Mozarly Almeida
Repórter
Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/cidade/urbanismo-social-e-um-dos-desafios-do-pais-1.1002301