Em alusão ao Dia da Arquiteta e Urbanista, o IAB-CE reuniu profissionais para um debate sobre o papel da mulher na arquitetura. A discussão trouxe à tona experiências e perspectivas de quatro arquitetas cearenses, sob mediação da vice-presidente do IAB-CE, Regina Costa e Silva.

“Somos arquitetas, mas antes de tudo, mulheres”, afirmou Manoella Linhares, da Coletânea Arquitetos, ressaltando a importância da identidade feminina na profissão. O escritório, a propósito, é atualmente todo formado por profissionais mulheres.

Com 10 anos de fundação, a Coletânea começou com “uma mesa de plástico e um ventilador da Barbie”, como contou a arquiteta Natália Benevides. Atualmente, as sócias estão fortalecendo a atuação no design de mobiliário e acessórios com a criação da .Colab.

Gênero
Os desafios enfrentados pelas mulheres no dia a dia da arquitetura foram também abordados. “Já precisei usar meu anel de 15 anos como aliança para poder sustentar uma negociação com um cliente”, relatou Natália, exemplificando situações em que questões de gênero impactam diretamente as relações profissionais.

Valores
Com quase 30 anos de carreira, Juliana Atem, do ateliê Fernandes Atem, refletiu sobre sua jornada destacando o que mudou e o que permaneceu em sua prática profissional, e enfatizando os “valores que atravessaram o tempo e transformações importantes”.

Entre os valores inegociáveis, ela citou a linguagem arquitetônica, a transparência e a ética nas relações e o compromisso com o projetar para realizar. A fala de Juliana teve como pano de fundo a apresentação do projeto da Casa CNI, vencedora do prêmio IAB-CE na categoria Interiores e Design

Papel
Fernanda Rocha traçou uma linha do tempo de sua carreira, que incluiu a atuação em escritório, a docência e, agora de maneira mais intensa, a escrita. Sua ênfase em arquitetura paisagística impulsionou a criação da pós-graduação em Paisagismo da Universidade de Fortaleza (Unifor) no início da década de 2000. Fernanda esteve envolvida ainda no diagnóstico dos jardins do Theatro José de Alencar e é responsável por uma série de publicações sobre arquitetura da paisagem.

Fernanda trouxe para reflexão a figura de Lina Bo Bardi como um exemplo histórico dos preconceitos enfrentados por mulheres na profissão. Embora Lina se identificasse no início de sua carreira como “architetto” (termo masculino em italiano), ela não esteve imune. “Somente no fim da vida, ela se reconhece arquiteta, vestindo-se no papel de arquiteta.”