Idealizada pelos fotógrafos Marília Oliveira e Régis Amora, a exposição Afetos Urbanos é composta por 25 fotografias e vídeos documentais que registram personagens do Centro de Fortaleza. A mostra é aberta hoje, a partir das 17 horas, no Espaço Cultural dos Correios, seguida de conversa aberta com os artistas e uma visita guiada. Ela permanece em cartaz até 12 de setembro, com entrada gratuita.

Marília Oliveira diz que a ideia do projeto é apresentar o bairro como personagem principal, expondo a vida que existe impregnada nas paredes, nas rachaduras, no vai e vem de pessoas. Ela faz um paralelo com o livro O Cortiço (de Aluísio de Azevedo), no qual o protagonista é o próprio cortiço.“Tentamos o mesmo com o Centro da cidade, que é um organismo vivo, uma resistência viva.” 


A fotógrafa lembra o histórico do Centro, habitado inicialmente por classes mais altas. “A cidade nasceu de costas para o mar, e toda a relação era com o centro da cidade, ponto de encontro da alta roda cearense. A memória continua lá, mudaram os sujeitos”. 

Segundo Régis, o objetivo é trazer à discussão a paisagem urbana e propor um resgate dos vínculos afetivos. O projeto, montado em seis meses, foi pensado para ser uma narrativa transmídia, pontuado por outras plataformas além da fotografia, como vídeos, site, livro, que juntos completam a experiência. Haverá também a participação do Coletivo Acidum Project, realizando intervenções em grafite e outros materiais. 

Marília conta que os personagens registrados foram escolhidos por apresentar alguma vivência particular com o Centro. E cita, como exemplo, um senhor chamado Pirrita que mora na Praça do Ferreira há nove anos, e o palhaço Mulambinho, que à noite é cantor de música brega, uma espécie de alter ego do artista. 

O projeto foi convidado para celebrar os 10 anos do Espaço Cultural dos Correios. Para o gestor do espaço, Edson Cândido, nada mais justo do que trazer uma exposição que trate da relação com o Centro da cidade, ambiente onde o prédio da entidade está situado. “Estamos felizes e a ideia é estimular um diálogo e uma provocação também da relação da cidade com os equipamentos urbanos”. 

Na visão de Marília, a cidade é um organismo vivo perpassado de memórias que revelam os dilemas comuns entre os indivíduos. “Costumo dizer que o Centro é um estandarte vivo da cidade, é um menino que só diz sim. Apesar de todas as agressões, existem as belezas e as pessoas que só querem ganhar a vida de alguma maneira”, elabora. 

O público também poderá interagir com o projeto, publicando fotos no Instagram com a hashtag #afetosurbanos, que deverão compor um mosaico de imagens da cidade a ser postado no site www.afetosurbanos.com.br. 

Régis comenta que também foi preparado material pedagógico para oferecer às escolas que visitarem a mostra. O professor poderá adquirir um pen drive com o conteúdo ou fazer download pelo site do projeto. 

Além da exposição, os fotógrafos lançam dia 18 de agosto, às 19 horas, o livro Afetos Urbanos, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. 

Serviço
 

Exposição Afetos Urbanos
Quando: Abertura hoje, às 17h. Visitação até 12/9, de segunda a sexta (das 8h às 17h), e aos sábados (das 8h às 12h)
Onde: Espaço Cultural Correios Fortaleza (rua Senador Alencar, 38 – Centro). Entrada gratuita.
Telefone: 3255 7142

 

Fonte: O Povo