Jornal O Povo, 19.05.2013, Coluna Concidadania, por Valdemar Menezes:

Leia abaixo um extrato da coluna de Valdemar Menezes, publicada no jornal O Povo, de Fortaleza:


Bastou uma audiência pública na Assembleia Legislativa, na última sexta feira, com a presença de especialistas em urbanismo, em engenharia de trânsito e em meio ambiente para ficar evidente a inconsistência da justificativa para a construção da ponte estaiada sobre o Parque do Cocó, conforme pretendem Governo e Prefeitura de Fortaleza. Vozes como as do conhecido urbanista José Sales (foto), do presidente do IAB-CE, Odilo Almeida (foto), do professor Paulo Holanda, assim como o ex-secretário do meio ambiente de Fortaleza, Deodato Ramalho, demonstraram o non sense da proposta e a falácia do argumento utilizado: o de que o projeto se destina a desafogar o trânsito na avenida Washington Soares, já que vai ligar o Centro de Eventos à Cidade 2000. “É ligar o não-fluxo ao não-fluxo”, conforme definiu um dos especialistas. O mais espantoso é que os responsáveis pelo projeto não apresentaram os estudos de possíveis alternativas e das razões pelas quais teriam sido descartadas para privilegiar a ponte estaiada, como é praxe em qualquer obra que envolva recursos públicos.
 
SEM ORIGEM

A ponte estaiada do Parque do Cocó é um projeto com a mesma filosofia que esteve por trás do estaleiro do Titanzinho – “sem origem” – como reclamou José Sales -, articulado de forma precipitada e apresentado de última hora à opinião pública como um pacote já pronto e com todas as amarras definidas. José Sales apresentou várias alternativas eficazes para desafogar o tráfego e a custo muito mais barato, do que os quase R$ 300 milhões da ponte estaiada. Instigante é descobrir quem vai se beneficiar com as obras. Pelo que se deduz dos esclarecimentos dos técnicos ouvidos na audiência pública não será o povo de Fortaleza. A grande reivindicação dos presentes foi a legalização do Parque do Cocó, pois se sabe que todos esses projetos terminam tendo como resultado (propositalmente ou não) o aumento da pressão da especulação imobiliária sobre sua área. Aos poucos vão comendo o Parque do Cocó pelas beiradas. Enquanto isso, a Câmara Municipal – inexplicavelmente – não abriu as portas para um debate esclarecedor e exaustivo sobre a questão. Apenas disse amém. Já pensou se o estaleiro tivesse sido apresentado agora?
 
Clique aqui para ler a coluna na íntegra, no site do jornal O Povo

*Valdemar Menezes é colunista do jornal O Povo, de Fortaleza.