Quem trabalha em Fortaleza gasta, em média, 113 minutos no deslocamento casa-trabalho-casa. O dado, referente a 2012, foi divulgado quarta-feira, 9, pelo Sistema da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e aponta uma economia de dois minutos em relação à média do ano anterior. Também com redução média de dois minutos do tempo de deslocamento, a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) foi a que teve maior redução de tempo de viagem no período (-1,5%), enquanto o resto do País teve crescimento, à exceção de Porto Alegre.
Na RMF, os trabalhadores que perdem mais tempo no trajeto são os que moram em Pindoretama e Itaitinga (119 minutos). De acordo com o estudo, o principal motivo para as longas viagens é a ausência de planejamento urbano adequado. Para a diminuição do tempo na RMF, aponta Riley Rodrigues, especialista em Competitividade Industrial e Investimentos do Sistema Firjan, a maior contribuição veio com a inauguração do primeiro trecho da Linha Sul do Metrô de Fortaleza. “Esse tipo de transporte é essencial. É caro para implantar, mas gera um impacto melhor”.
O estudo foi elaborado com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para chegar aos números, explica Riley, foi feito o recorte de viagens (ida e volta) superiores a 30 minutos. “Um deslocamento maior que isso significa que é uma distância entre a casa e o trabalho maior que 10 km ou um engarrafamento”. Ao todo, foram analisados 601 municípios em 37 áreas metropolitanas do País, sendo duas cearenses (Fortaleza e Cariri).
O tempo que os trabalhadores gastam entre casa e trabalho, aponta o especialista, tem dois efeitos diretos: na qualidade de vida e na economia, pois, ao invés de perder tempo tentando chegar ao destino, os trabalhadores poderiam estar produzindo. Com o tempo gasto na RMF, deixaram de ser gerados, segundo a pesquisa, R$ 1,88 bilhão para a economia.
No “mundo ideal”, sinaliza Riley, os trabalhadores morariam no máximo a 10 km do emprego ou perderiam até 30 minutos para ir e voltar. Investir em transporte público – que transporta mais pessoas em menos tempo – é uma primeira receita para melhorar essa relação, indica. A longo prazo, é necessário emponderar os locais que, hoje, são “cidades dormitórios”. Essa seria, inclusive, uma forma de equilibrar o desenvolvimento da região.
Mudanças
Para a médica Camila Elena Rios, 26, trocar o deslocamento dentro da Capital para o da Região Metropolitana foi mais vantajoso. “Antes, ia de casa para a faculdade, uns sete quilômetros, levava cerca de 40 minutos. Agora, vou para São Gonçalo do Amarante, a 60 km da minha casa, e levo uma hora”, detalha. O acesso a avenidas mais largas, com menor fluxo e que permitem o aumento da velocidade é responsável pelo cálculo. (colaboraram Sara Oliveira e Viviane Sobral)
No Cariri, tempo médio de deslocamento entre casa e trabalho aumenta
Na área metropolitana do Cariri, o tempo médio de deslocamento diário de 36,5 mil trabalhadores aumentou dois minutos entre 2011 e 2012 e chegou a 109 minutos. Cidades menos equipadas e que dependem da economia de maiores elevaram a média. Algumas cidades têm tempos de deslocamento superiores aos da outra região analisada.
O número de pessoas que perderam mais de 30 minutos no trânsito cresceu 0,5% (171 pessoas). Isso equivale a um custo de produção sacrificado (impacto das longas viagens sobre a produtividade) que ultrapassou R$ 61 mi em 2012 (1,4% do PIB metropolitano).
Nova Olinda foi a cidade do Cariri com os maiores índices: 115 e 117 minutos no biênio. Crato teve o deslocamento mais rápido: 104 e 105 minutos.
Fonte: O POVO