Depois de O POVO publicar, na edição de ontem, o estranhamento de arquitetos diante da pintura do antigo prédio da Alfândega, a Caixa informou que parte da fachada não é de pedra.


A textura em alvenaria foi feita imitando o material. Prédio está sendo restaurado desde 2009

  Mariana Lazari


Caixa garante que não haverá alteração do patrimônio histórico. (IGOR DE MELO)

As partes da fachada da antiga Alfândega que estão sendo pintadas não são de pedra. A informação foi fornecida ao O POVO tanto pela Secretaria da Cultura (Secult-CE), responsável pelos cuidados com prédios tombados pelo Estado, quanto pela Caixa Econômica Federal, proprietária do edifício. O fato de alguns trechos do prédio, na Praia de Iracema, estarem sendo pintados foi noticiado na edição de ontem do O POVO. No local está sendo construída a Caixa Cultural.
 
Arquitetos contatados pela reportagem estranharam o fato, que ficara sem um esclarecimento definitivo. Ontem o coordenador do Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural (Coepa), da Secretaria da Cultura, Otávio Menezes, visitou a obra e constatou não haver qualquer irregularidade na restauração. “É imitação, não é pedra. Os arquitetos da época acharam interessante fazer imitação de pedra para compactuar com construção de pedra. E a imitação pode ser pintada a partir de um estudo das cores originais”, frisa.

Segundo Menezes, a construção dos edifícios aconteceu em três etapas. “A primeira etapa da construção original foi toda em pedra. Uma segunda etapa foi feita em alvenaria imitando pedra”, diz. “Não está havendo, de forma alguma, qualquer alteração do patrimônio histórico”, garante o coordenador.

O arquiteto da Caixa Econômica Federal, Paulo Roberto Araújo, também esclarece o fato. Na terça-feira, O POVO tentou ouvi-lo. Porém, ele não foi localizado pela assessoria de comunicação do banco no Ceará. Ontem, Paulo conversou com a reportagem e frisou que é a alvenaria feita imitando pedras que está sendo pintada. As pedras reais serão apenas lavadas. “A gente seguiu à risca as orientações do projeto. O prédio é do patrimônio histórico”, destaca.
 
Prédio é patrimônio
O projeto foi elaborado com orientação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O tom com o qual a “imitação de pedras” ficará ao final da obra, em dezembro, aproxima-se do original, destaca o arquiteto Paulo Roberto Araújo.
 
O prédio da futura Caixa Cultural foi tombado pelo Estado em 2005. Em 2009, começou a ser restaurado para abrigar o espaço cultural do banco, com investimento de cerca de R$ 13,8 milhões.
 
 
ENTENDA A NOTÍCIA

A primeira parte do prédio, inaugurado em 1891, foi feita em pedras. Já a segunda etapa ganhou traços e textura de pedra feitos em alvenaria. Essa é a parte que está sendo pintada de cinza. As demais pedras serão apenas lavadas.

FONTE: O Povo On Line